relatos de uma fria noite cheirando a tinta

Tha : Não vou mais criar...
Igor: Pq tha?
Tha: Meu Modi morreu, não mais inspiração!
Igor: Cala a boca, Tha! Você não é a Jeanne...
Tha: Como não? Vc num ta me pintando?
(?! Viagem total ?!)
Igor: Ahm... Não faz pergunta dificil!
(minuto de silêncio)
Igor: Tha, vc ta mais pra Soutine!
Tha: Gosto dele, mas o ar frio do Utrillo me atrai!
Igor: Ahm... Já reparou q vc só gosta dos loucos?
Tha: Soutine tbm é meio louco!
Igor: Vc gosta daquele cara dos eletrochoques, do Dalí...
Tha: É o Artaud...
Igor: Fiz artes visuais, não cênicas!
Tha: ahahaha... verdade!
Igor: Coloca a cabeça no joelho!
Tha: Aham...
Igor: Vc ta puro osso!
Tha: Agora q vc percebeu?
Igor: Aham... (Chegou perto de mim, começou a percorrer minhas costelas com a mão) Te encomoda?
Tha: Não... Faz tempo q alguém não me toca!
Igor: Até isso? O que ta acontecendo com vc , cherry?
Tha: Nada, Pierrot! Deixa de perguntas e acaba logo q tá frio!
Igor: Toma conhaque!
Tha: Não fala duas vezes!
Igor: Ei, não quero te ver triste...
Tha: Não to triste, mto pelo contrário!
Igor: Tá feliz?
Tha: Não!
Igor: Tá o que então?
Tha: Indiferente!
Igor: Sua indiferença me atrai! Posso tocar?
(Sai de trás do cavalete, vem em minha direção, sua mão está gelada, toca minha nuca, sinto a tinta, não é óleo, parece ser acrilíca, a textura liquida. A mão continua a percorrer as curvas do meu corpo, como se suga-se a minha alma.)
Tha: Igor, não vou querer ver o seu trabalho!
(Ele levanta minha cabeça, olha nos meus olhos...)
Igor: Ainda bem, porque vou pintar sua alma!
(Lembrei de Modi novamente, não sei se ele soube o q falou, nem sei o q pintou!)